“Onde homens e mulheres são condenados a viver em extrema pobreza, os direitos humanos são violados. Unirmo-nos para garantir que esses direitos sejam respeitados é nosso dever solene.”

– Padre Joseph Wresinski, 17 de outubro de 1987.

Comemora-se o 27º aniversário da declaração da Assembleia Geral da ONU, que instituiu 17 de outubro como Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. Vale também relembrar a “Chamada à Ação do Padre Joseph Wresinski – que inspirou a comemoração do dia 17 de outubro como o Dia Mundial da Superação da Pobreza Extrema – e o reconhecimento pelas Nações Unidas do dia como o Dia Internacional da Erradicação de Pobreza.”

Pobreza entende-se como sendo a “condição humana caraterizada por privação sustentada ou crónica de recursos, capacidades, escolhas, segurança e poder necessários para o gozo de um adequado padrão de vida e outros direitos civis, culturais, económicos, políticos e sociais” (Comissão sobre Direitos Sociais, Económicos e Culturais, das Nações Unidas) (2001).

A pobreza a nível mundial foi agravada no ano 2020 devido as complicações que a pandemia do Covid-19 tem provocado às economias do mundo todo. Previsões do Banco Mundial apontam para mais de 150 milhões de pessoas em pobreza extrema com a perda de renda e empregos levando à insegurança alimentar de muitos.

Dados sobre pobreza no mundo apontam que:

  • 736 milhões de pessoas viviam abaixo da linha de pobreza internacional de US $ 1,90 por dia em 2015.
  • Em 2018, quase 8 por cento dos trabalhadores do mundo e suas famílias viviam com menos de US $ 1,90 por pessoa por dia.
  • A maioria das pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza pertence a duas regiões: Sul da Ásia e África Subsaariana.
  • Altas taxas de pobreza são frequentemente encontradas em países pequenos, frágeis e afetados por conflitos.
  • Em 2018, 55 por cento da população mundial não tinha acesso a pelo menos um benefício em dinheiro de proteção social.

O índice de pobreza em Angola atinge 41% dos cidadãos, o que significa que 41 em cada 100 angolanos têm um nível de consumo abaixo da linha da pobreza (12.181 Kz/ mês).

O “Relatório de Pobreza Para Angola 2020”, do Instituto Nacional de Estatística (INE), aponta estes dados. Pode-se ainda observar que 56% do total da população pobre reside nas áreas rurais, 44% na zona urbana.

De acordo ao sexo, o mesmo relatório mostra que não existem diferenças significativas para ambos, sendo superior para os homens com 40,8% e mulheres com 40,2%.

Analisando por província, o relatório destaca ainda que a pobreza é maior nas províncias do Cuanza Sul, Lunda Sul, Huíla, Huambo, Uíge, Bié, Cunene e Moxico, onde mais de metade da população vive no limiar da pobreza.

Já as províncias do Namibe, Benguela, Malanje, Cuanza Norte e Bengo apresentam a incidência entre 42% a 48%. “Luanda é a província que apresenta o menor índice de incidência com 20%, enquanto o Cunene e Moxico apresentam o maior índice de incidência com 62%”.

De acordo ainda com o documento do INE, alguns factores influenciam directamente os índices de pobreza no nosso pais:

  • O nível de escolaridade da população está claramente associado à situação de pobreza no País. Os dados mostram que quanto mais elevado é o nível de escolaridade da população, mais baixo o nível de pobreza. Os números revelam igualmente que 55% da população com o ensino primário é pobre, enquanto apenas 17% da população que tem ensino secundário ou mais alto é pobre.
  • A composição do agregado familiar. Ou seja, a população que vive em agregados com maior número de crianças dependentes são, em geral, mais pobres. Ao contrário da população que vive em agregados com maior número de crianças dependentes, os agregados familiares sem crianças dependentes são menos pobres (17%), ao passo que os agregados com três ou mais crianças representam 48% dos pobres.
  • A actividade e ocupação do chefe do agregado.

“A relevância da questão pobreza no mundo, e a manifestação cada vez mais clara da injustiça que ela revela, levou que a intenção da sua erradicação fosse colocada logo, como o primeiro objectivo global..”

A luta para a erradicação da pobreza deixa muito claro que, é preciso o esforço de todos conjugados sob o interesse comum de fazer o mundo o local melhor.

Fontes:

www.joseph-wresinski.org/en/rethinking-our-world-from-the-perspective-of-poverty-with-joseph-wresinski-2/

unric.org/pt/dias-internacionais/

vanguarda.co.ao/sociedade/estudo-revela-que-41-dos-angolanos-estao-no-limiar-da-pobreza-BM925333

http://www.un.org/en/observances/day-for-eradicating-poverty

mosaiko.op.org/dia-internacional-para-a-erradicacao-da-pobreza/